“É, pois, necessário aceitar esta lei: não
posso aprofundar, apreender a fotografia. Apenas posso varrê-la com o olhar,
como uma superfície tranquila. A Fotografia é crua, em todos os sentidos da
palavra, eis o que tenho admitir. É pois erradamente que, devido à sua origem
técnica, a associam à ideia de uma passagem obscura (camera obscura) . Camera
lucida é o que se deveria dizer (era este o nome desse aparelho anterior à
Fotografia, que permitia desenhar um objeto através de um prisma, com um olho
no modelo e outro no papel). Porque do ponto de vista do olhar, a “essência da
imagem é a de estar toda fora, sem
intimidade, e, contudo mais inacessível e misteriosa do que o pensamento
do foro interior. Sem significação, mas apelando para a profundidade de todo o
sentido possível; irrevelada e, todavia, manifesta, possuindo essa presença–
ausência que faz a atracção e o fascínio das sereias”.(Blanchot)
Roland Barthes In A Câmara Clara
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