1.4.19

Jogo de memória I



"O jogo começa e, num dado momento "acaba". Joga-se a si mesmo, até ao fim. Enquanto se desenrola, tudo é movimento, troca, alternância, sucessão, associação, separação. Mas, conotado com as suas limitações no tempo, o jogo apresenta um outro aspecto curioso: assume imediatamente uma forma fixa enquanto fenómeno cultural. Uma vez jogado, permanece como uma nova criação da mente, um tesouro guardado pela memória. É transmitido, torna-se tradição. Pode ser repetido a qualquer momento, quer se trate de um "jogo de crianças" ou de um jogo de xadrez, ou a intervalos fixos, como um ritual sagrado. Nesta faculdade de repetição assenta uma das qualidades essenciais do jogo, que se mantém válida não apenas para o jogo, em sentido geral, mas também para a sua estrutura interna. Em quase todas as formas elevadas de jogo, os elementos de repetição e de alternância(como no refrão) são como a trama e a urdidura de um tecido."

Johan Huizinga In HOMO LUDENS, Excerto do Capítulo I: A Natureza e o Significado do Jogo Enquanto Fenômeno Cultural, Pág. 26, Lisboa, 2015, Ed.70

































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