
"Não é uma escrita invulgar mas como as ervas
pobres. Como as pedras.
Tu poderás captar o esplendor.
Chamar-lhe-ás suave sob um sono de árvores.
Caminharás entre as plantas. Sentirás a sua sede.
E o olhar abrir-se-á no escuro fresco.
Ninguém te dirá que não te perdes na
densa água negra ou no branco papel.
Nunca apagarás o desejo. Nem desistirás de procurar o lugar
ainda que lhe chames ausência.
Procura e não procures. Não existe um centro.
Mas a clareira por vezes
de súbito retém-nos."
António Ramos Rosa in Circulo Aberto, Excerto do poema "A Espessura é Branca",
Editorial Caminho, Lisboa, 1979

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